quando penso que posso sentir-me mais tranquila, liberta, equilibrada - dentro de todo o caos -, volta tudo de novo.
é desta que consigo.
é desta que vou saber manter a calma.
é desta que vou conseguir resolver os problemas dos outros (os meus tornam-se a sua consequência).
às vezes parece que nada do que escrevo ou digo é o que verdadeiramente está na minha cabeça - parece que nunca vou conseguir usar as palavras com os outros como uso comigo.
sei que guardar para mim não faz bem, mas será que eu ainda sei partilhar?
sei que escrever ajuda a libertar, a pôr raiva nas palavras e não em mim; sei que é uma forma de me organizar. (mas) ao mesmo tempo só sinto que é mais uma confusão. o que está aqui não é tudo o que sinto e, por isso, sinto que estou a ser injusta com o que falta. tudo o que escrevo é sincero - mesmo que de cabeça quente -, mas nem tudo o que sinto consigo ver-me livre para pôr aqui. ou noutro lado qualquer, de outra forma qualquer.
é uma luta entre o que acho que estava a conseguir e o que efectivamente consegui e isso, infelizmente, resume-se, neste momento, a muito pouco.
é uma vergonha tão grande.
um medo e uma raiva e uma desilusão e uma dor tão maiores.
(mas não posso deixar que sejam maiores que eu)
só queria estar sozinha em silêncio, sem sentir passos, vozes. até os silêncios me incomodam, por saber que não é só o meu.
posso estar a ser egoísta. posso estar a ser má. posso estar a ser isto tudo e mais por tanta frustração dentro de mim e não saber onde a canalizar.
não é justo.
só queria paz e sossego.
só queria silêncio.
quando acho que consigo volta tudo atrás, ao mesmo buraco, puxa tudo para baixo.
é preciso muita força para não me deixar ir. hoje sinto-me a deixar ir um bocado. não me apetece levantar da cama, quero escuro até estar escuro de novo. quero silêncio só na minha companhia. não quero ninguém por perto. até quem mais queria parece que não quer que eu queira. parece um jogo que não sei se consigo e quero jogar. (quero-o tanto de forma tão simples e natural que isto me faz sentir que preciso mais de mim do que ele de mim)
não sei para que lado me virar. sei que isto não está certo, mas como hei-de meter de volta à ordem? se é que alguma vez teve ordem (não lembro de ser diferente).
é como dar constantemente um passo em frente para voltar 20 atrás.
é uma sensação tão estranha que não consigo distinguir se dói, se destrói ou se é só uma desilusão tão grande que se torna um modo de vida. na minha cabeça não, mas de que é que serve termos uma cabeça mais ou menos limpa se estamos no meio de gente suja, doente e doentia? de que vale ter toda a força do mundo se nos estão constantemente a puxar para baixo? se nos cortam as asas porque a nossa felicidade não pode ser maior do que a deles.
quando mais me senti desamparada agarrei-me a ele. talvez tenha agarrado demais, tenha dependido demasiado. depois ele largou-me e eu forcei-me a fazer tudo sozinha de novo. agora aparece de novo sem me fazer perceber se quer ou não, se gosta ou não, se me apoia ou não. tem momentos que me agarro, que procuro o cheiro, que volto a segurar-me numa ideia longínqua de Um dia vai dar certo; Um dia vai correr tudo bem; Um dia eu sei o que é ser feliz; Um dia eu vejo-me livre disto tudo; Um dia eu vejo-me livre do que me faz mal e puxa para baixo.
Gosto de sonhar. Mas esses sonhos não servem de nada. Não me posso voltar a agarrar a eles. Eles não vão valer de nada quando ele me voltar a dizer que, afinal, não quer estar comigo. quando perceber que, afinal, foi um erro, foi só uma descaída. afinal ele quer mesmo estar sem mim, quer mesmo ser feliz sozinho ou com alguém diferente de mim. Não sei o que pensar. Não sei o que fazer com o que sinto. Preciso de escapes, de formas de me afastar do que me faz mal. Preciso de mudar de ares, terras, roupas, quartos e lençóis de cama.
Por que é que é tão difícil? não me venham com a treta do Se fosse para ser fácil não tinha piada. Tinha, tinha sim e muita. muito mais do que tenho tido. não faz mal ser um bocadinho difícil, mas é fodido parecer impossível.
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