14/11/13

desabafos

não é como se nunca to tivesse dito. como se alguma vez tivesse deixado por dizer alguma coisa. ou como se tivesse mudado de ideias e tenha que, de novo, dizer o que sinto de novo.
(na cama à noite muita coisa me passa pela cabeça.)
nunca sei por onde começar, mas aqui vai.
as coisas que mais tinha medo eram que me deixasses, que perdesses o medo de me perder e que, caso isso acontecesse, passasses a estar bem sem mim.
eventualmente aconteceu - não tiveste medo de me perder quando foste tu a dizer que não querias mais.
quando começámos a estar juntos eu estava certa de mim e quase tão certa de ti. não lembrava ou até sabia o que era isso; o que era confiar tanto de novo em alguém que conseguia meter as mãos no fogo por ela. nunca me passou pela cabeça que isso me iria acontecer. tinha prometido a mim mesma que não estaria de novo com alguém que não me fizesse sentir segura, que me fizesse pôr em causa o que sou e sou capaz. mordi a língua contigo e prometeste-me dar motivos para o continuar a fazer, nem sempre da mesma forma mas da melhor forma que podias. aceitei e atirei-me de cabeça, coração, tudo meu. dei-me de tal forma que nunca me passou pela cabeça pôr-me/te/nos em causa na mínima coisa que fosse. sentia que éramos só nós, que chegávamos, que nos fazíamos felizes e mais ninguém era tão importante. não sei bem como nem porquê comecei a perder o equilíbrio, a confiança (em mim), a estabilidade, a inocência, a força e coragem, a auto-estima e auto-controlo. passei a dizer tudo o que me vinha à cabeça, mesmo sabendo que nem tudo era verdade ou sincero. que eventualmente ia magoar um de nós ou até os dois. comecei a sentir-te diferente, distante, reservado de uma forma que te pedi sempre para não seres comigo. vi coisas que não gostei e me magoaram - coisas que me fizeram acabar relações antes. deixei de ver coisas que me faziam sentir bem, que gostava e que, de certa forma, precisava por me ter habituado a elas.
não consigo aceitar que digam que Os primeiros anos são sempre lindos, depois é sempre a decrescer! como se nós também tivessemos um prazo de validade.
de qualquer das formas parece que tivemos o nosso prazo de validade. chegou a um ponto que não quiseste mais, que disseste que não aguentavas mais, que estavas magoado, que as coisas precisavam de tempo e que poderiam ter ou não volta a dar. eu nunca deixei de acreditar que daria certo de novo, mas não da mesma forma.

não quero, aceito ou mereço menos do que tivemos. não penso que tenha que ser da exacta mesma forma, mas sim com o mesmo conteúdo. não quero menos amor, menos atenção, menos vontade, menos esforço. se for para isso quem não quer sou eu. eu acredito demasiado em nós e em ti para achar que nos devemos ficar pelo mediano. eu posso ter um trabalho mais ou menos, roupa mais ou menos ou sair mais ou menos, mas eu não aceito nem mereço amor nem amar mais ou menos, viver contigo mais ou menos, sentir mais ou menos ou sentir que só me dás mais ou menos segurança. eu sempre (!) te dei as maiores certezas do que sentia, fiz sempre um esforço para que nunca te faltasse nada, que em momento algum duvidasses do que sentia, do que queria para nós e contigo; para nunca te sentires inseguro. sei que falhei em alguns pontos de confiança e segurança, mas tem razões dos dois lados. falhaste comigo também. ambos falhámos e acho que ambos já percebemos isso. honestamente não me interessa apontar o dedo a nenhum dos dois. se quero estar contigo é porque quero mudar isso.

eu quero que me queiras muito, que me ames, que não me tenhas como dado adquirido, que me demonstres isso tudo - não quero da mesma forma que eu, mas quero uma tua que me faça sentir bem. não me importa se é falado, escrito, sinais de fumo, letras de música, filmes, cartas e postais. não me importa se preferes dizer-me as coisas no escuro por te sentires à vontade. não me importa se preferes escrever à mão, à maquina, por skype. não me importa a forma como o demonstras, só quero sentir que é teu, é da tua vontade, do teu amor. quero (e preciso) de equilíbrio. aceito todas as tuas formas de me dizer as coisas, as mais banais às mais profundas e obscuras. aceito tudo teu, sempre te disse. seja de que forma for. mas uma coisa eu quero deixar clara: eu quero equilíbrio. porque se há coisas que não me importo que me digas no escuro, a chorar, aos berros, porque tens vergonha, medo (...), também quero que haja coisas que me digas na cara, nos olhos, a apertares-me contra ti e me dês força. quero que te abras comigo. quero que morras de medo de algo e mo digas, quero que tremas por dentro por te fazer falta, que me digas se estás frustrado, chateado, triste, angustiado, QUALQUER coisa. mas mo digas. eu aceito que não queiras falar com ninguém durante esses momentos mais negros, mas quero que, depois, te sentes ao pé de mim e te abras comigo, que me ajudes a ajudar-te, que saibas e queiras que eu faça parte de ti. eu estou sempre ao teu lado, sempre que precisares.

estamos num momento difícil. foi uma distância estranha, à qual não me consegui habituar nem sequer compreender. é uma distâcia que nos fez perder partes de cada um, que nos fez, de certa forma, desligar de grande parte do dia-a-dia do outro. uma distância que me arrepia e mói saber que nunca vou estar a par do que verdadeiramente aconteceu. de quem conheceste, do que fizeste, em quem tocaste ou te tocou, o que pensaste e sentiste. é como se este tempo tivesse sido um buraco nas nossas vidas. não sei se é suposto recuperá-lo, mas não quero que ele nos engula. quero que me faças sentir segura, não ter medo. não ficar a pensar que algo se passou e que eu nunca saberei. não quero que ele nos derrote ou enterre. é uma oportunidade de nos renovarmos, de nos (re)conhecermos, mas preciso do teu lado também.
sou egoísta, sim. quero ser especial, única e A. não aceito metades nem mais ou menos, já disse. não quero pedir nem exigir-te nada, quero que faças e digas por ti. quero que me relembres do pulso firme de És minha, Quero que sejas minha. quero que relembres dos teus ciúmes, das tuas brincadeiras e até inseguranças. não quero que sejas inseguro - eu amo-te mais do que alguma vez amei alguém -, só quero que me mostres que és como eu, que realmente és feito da mesma matéria que eu. não te quero sempre mauzão, durão e forte. eu sei que falhas, que quebras, que tens momentos negros. não me importa a quantidade nem a forma, importa-me que o partilhes comigo. quero que me fales de tudo (!) o que te venha à cabeça - planos do dia-a-dia até a parares para reflectir sobre o futuro ou a nossa essência. quero que reconheças o meu valor e me saibas traduzi-lo por palavras. quero que saibas porque gostas de mim e não porque te habituaste a isso. quero que me digas o que te interessa em mim, o que te faz querer estar comigo, o que não gostas, o que precisas de mim. quero tanto que conversemos como que saibamos estar em silêncio (de preferência abraçados com música).

quero de novo virar-nos para nós. para as nossas coisas, questões, medos, planos, falhanços. quero tudo o que há para termos. sem nos esgotarmos. quero ir com calma de novo, mas quero sentir a emoção, a tesão, a força, a energia e a vontade. quero sentir-te seguro, forte e apaixonado. quero-te todo, quero que me queiras toda.
não volto a dizer-te constantemente que quero e preciso da tua atenção, quero que seja natural. quero que saibas que compreendo a diferença entre focares-te na faculdade/cansaço e a óbvia falta de interesse e paciência. não aceito mais os cansaços que não te tiram a vontade de me abraçar espontaneamente, de me fazer festas no cabelo e dizeres o quanto me achas bonitas e me amas. isso é cansaço de falta de vontade. o cansaço normal só te faz dormir mais, não te tira a força das palavras de me dizeres Estou cansado, mas quero dormir ao teu lado. percebes a diferença?

quero começar de novo, já disse isto, não já?
quero as nossas bases, a nossa força, a nossa energia, o nosso mau feitio, as nossas picardias e o nosso amor.
mas quero renovar o que está de fora. não me importa com quem falas, mas que nunca volte a sentir que as outras pessoas têm mais da tua atenção em algumas coisas do que eu, que falas de certos assuntos que não falas comigo, que não os puxas comigo sequer. não quero sentir que comigo és o verdadeiro e com as outras pessoas mostras o charme de uma pessoa que queres ser. sou egoísta ao ponto de dizer que não quero que as outras pessoas tenham o mesmo de ti que eu tenho, porque ninguém tem, para mim, o que tu tens de mim. não há partilhas que faça com alguém que não faça contigo, que te procure para fazer. seja espontâneo, seja porque me lembrei, seja por que motivo for. que eu não dê por mim a pensar que algo em mim me falha e que, por isso, precisas de procurar noutras pessoas. não me mintas - omissão também é forma de mentira. não tenhas medo de me dizer a verdade. com certeza ela vai ser menos dolorosa do que a minha suposição das coisas.

disseram-me que eu tenho que aceitar que tenhas outras pessoas que, por serem diferentes de mim, te vão preencher mais do que eu. que tenho que aceitar que acontece com toda a gente, porque não há ninguém verdadeiramente completa e que seja perfeita ao ponto de saber/fazer tudo de tudo. que eu tenho que aceitar que vais ter sempre alguma amiga por quem te sentes atraído (seja mental ou fisicamente), que nunca mo vais dizer porque achas que me vai magoar e que é desnecessário, porque não vais querer deixar de estar comigo por isso. que eu tenho que aceitar que nunca vou ser boa suficiente em tudo o que gostas em alguém, vai haver sempre alguém para além de mim. disseram-me que tinha que aceitar que ias sempre ter alguém sobre a qual não me vais dizer a verdade sobre a tua verdadeira relação com ela, que vão ser sempre Só amigas. que nunca vais admitir que pensas nelas ou que tens saudades delas, que tens momentos em que sonhas com elas, que as imaginas em determinados momentos, incluindo ao pé de ti no teu dia-a-dia. que, de certa forma, as desejas. cada uma à sua maneira e pelos seus motivos, mesmo que nunca seja um desejo tão grande quanto o que tens por mim, mas que desejas estar com elas, partilhar as coisas com elas, aventurares-te com elas. e que eu nunca irei saber. que se eu nunca aceitar isso nunca vou viver nem te deixar viver. queria saber a tua opinião sobre isto.

Só precisas de confiar em mim. não é só isso. a confiança não vem só de palavras, comodismos ou exigências. a confiança vem de actos, de provas, de atitudes, de demonstrações. (as tais que não peço que sejam como as minhas, mas que me façam sentir segura.)
quero que confies em mim, claro, mas também quero que me questiones, me encostes à parede e me enfrentes, que tenhas medo. (tenho sempre na cabeça que medo de me perder é coisa que não tens e que não sei como voltar a sentir que isso tem importância para ti.)
(de novo: ) sei que não és nenhum robot, mas quero que te mostres humano. quero que tenhas feridas também, quero que mas mostres. quero que uses as palavras, elas existem para isso. sempre soubeste expressar-te tão bem comigo e parece que me sinto inibida para te pedir de novo para o fazeres. eu não tinha que o pedir sequer.
dá para perceber o quão natural eu queria que as coisas voltassem a ser? o quanto quero tanto estar contigo que quero que a nossa comunicação seja a melhor possível?
parece que estamos a passar a fase mais difícil e que nunca mais vem a parte boa, que é só testes, dificuldades e desafios e que parece que tudo se torna muito mais difícil à distância e a ter que escrever. mas é a nossa única forma. achas que é possível ainda assim? estás disposto a tentar? amas-me mais do que o suficiente para isto?

eu sou uma pessoa difícil, bem sei. consigo ser insuportável, bem sei. sei que é preciso muita paciência e amor para me aguentar em alguns momentos. mas eu não sou só isso. eu não sou só as tais nuvens negras. eu não sou só estas fragilidades, estas perguntas, estes medos e inseguranças. eu só quero que saibas que se me abro a ti para mostrar o meu lado mais feio, também quero que me ames o suficiente para te dar o meu lado mais bonito. que saibas que, descabelada ou não, Eu sou Eu. eu dou o melhor que tenho de mim, faço o melhor que sei, amo-te o mais que posso, cuido de mim o melhor que posso, mas quero sentir que vês isso. que gostas, quero que me incentives, que me ajudes. que, principalmente, te dês.
eu ainda sou e quero ser tua.
diz-me.

Sem comentários:

Enviar um comentário