12/11/13

desafio

é um desafio enorme deitar ao chão o peso que já achávamos que fazia parte de nós.
mais do que desafio é uma necessidade.
um luxo para quem acha que não consegue.
(somos sempre mais fortes do que pensamos).
para voar é preciso largar os sacos de areia.
para andar em frente é preciso desamarrar.
é preciso ter uma gestão de memória: decidir bem o que guardar de bom e ter um Delete mental suficientemente eficaz para não levarmos para o resto da vida aquilo que nos marcou até certo momento.
esta gestão de memória é o meu primeiro desafio, dentro de muitos que tenho pela frente.
preciso parar de me massacrar com memórias passadas, habituar-me a aceitar que os erros das outras são delas, não nossos. perceber que as decisões que outros tomaram e nos afectaram não pudemos evitar até certo ponto, mas se queremos mudar e parar de sofrer não podemos seguir os mesmos caminhos que elas. que não podemos deixar-nos ser e/ou tornar-nos iguais a elas. que temos que aprender a perceber que aquilo em que nos achamos completamente diferentes de alguém pode ter a diferença entre realmente sermos diferentes e sermos casmurros para não admitirmos que somos parecidos - não em opiniões, mas nas demonstrações. às vezes esquecemos que gritarmos com alguém que grita, mesmo que com opiniões opostas, não nos faz diferentes. (acho que tenho que aprender melhor isto.)
tenho que me dar ao direito de ser Eu, o que quero ser e o que me faz sentir confortável comigo. tenho que me parar de obrigar a ser e fazer aquilo que é mais bonito, mais educado, mais calmo. eu não sou calma, eu sou ansiosa, eu sou educada mas sei usar palavrões em tom delicado; ainda não sei ver-me como bonita, mas trabalho no que posso - tenho que aprender também a ser mais verdadeira comigo, porque sou bonita, sim!, não sei porque insisto em me meter abaixo do que sou. tenho os meus dias e momentos e fases negras; sei que são sempre mais longas e profundas do que gostava, do que aconselho, do que talvez a maioria tenha. sei que me questiono demasiado. sei que questiono tudo em geral demasiado. sei que há quem não tenha nada a esconder e tenha paciência e há quem tenha tudo a esconder e me veja como algo perigoso para o seu conforto.
não sei se posso dizer que tenho que sair da minha área de conforto, porque a verdade é que ela sempre foi tão pequena que não sei sequer se eu alguma vez cabi; se tive que sair foi por falta de espaço, não por desafio.
mas o desafio é ir um dia de cada vez. comer um pedaço do elefante de cada vez.
não posso desgastar-me com a minha ansiedade; sei que ela faz parte de mim, mas antes morrer com ela do que morrer dela.
não sei dar o meu amor de outra forma. não sei dar menos, não sei querer menos, não sei esperar menos. pedirem-me é dizerem que não me amam ou não querem que os ame.
só o quero de maneira simples e sincera. só quero usar palavras simples. só quero sentir que sou A. não aceito menos do que isso e tenho que aprender a aceitar que isso é a forma mais difícil de ser amada.
de todos os desafios, o maior é não deixar que eles sejam mais pesados e maiores do que eu e a minha força.

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