13/05/14

não és tu, é o outro

nunca quis que este momento chegasse - por isso o adiei e neguei tantas vezes.
mas, no fundo, tento pensar que é pelo melhor, para não estar pelos cantos a bater com a cabeça nas paredes.
não é o que quis, mas foi o que teve de ser.
não sei lidar com nada disto, mas hei-de aprender e sobreviver pelo caminho. até ao dia em que acordo e aceito que a vida e as pessoas são assim.
não sou - ou não acho, neste momento - uma pessoa optimista, mas se pensar bem até acho que sou bastante sonhadora. puxei-me (e ainda tenho dias que o faço) muitas vezes para baixo e tive ainda mais momentos em que me recusei a sair, por achar que só assim lhe fazia perceber que me magoava e algo não estava bem.
cheguei a um ponto em que sinto que não consigo continuar mais à espera, mas que bastava a mínima demonstração de vontade e eu voltava tudo atrás.
ainda não estou certa de que tomei a melhor decisão - e, em pouco espaço de tempo, já tive momentos em que me arrependi! -, mas sei que vai chegar o momento em que vou ver isto tudo de forma tranquila.
talvez seja melhor assim, ao não ver. ao não ter sequer oportunidade de procurar. afastar-me ao máximo do que já tenho a certeza de que me magoa.
podia ter feito certas coisas de outra forma, sim, mas vou tendo a certeza de que só me ia fazer demorar mais tempo a aceitar os fins das coisas.
tenho que me manter firme e coerente - não posso sentir-me enganada e magoada e continuar a procurar coisas para me dar esperanças. acabei sempre (!) por ficar ainda mais desiludida e em baixo.
e eu sei que é melhor do que eu no que toca a resolver o passado e a esquecer as coisas e as pessoas. não digo que me substitua, mas sei que é bem mais rápido a fazê-lo de outras formas.
não posso continuar a ser ingénua e achar que ainda sou importante ou necessária - já tive provas suficientes de que a minha importância só tem valido em versão palavras, não acções.
não tem que me provar nada. eu é que tenho que provar a mim - que consigo viver isto tudo sozinha ou, pelo menos, sem ele.
sei que supera muito mais facilmente do que eu. sei que tem mais foco do que eu e consegue ser muito mais objectivo.
sei que já tem planos e em que em nenhum deles eu faço parte. por isso, para quê parar para pensar nisso?
para quê continuar a ver e procurar se o que vejo só me puxa para baixo? só me serve de prova de que está melhor sem mim do que comigo? que tem coisas e pessoas mais importantes com que passar o tempo do que eu?
se fui a última a saber das suas decisões e que, além disso, ainda tive que ser eu a tomar algumas pela ausência da sua decisão.
não fico no limbo mais nenhuma vez. a experiência só me provou que acabo por ficar sozinha, de coração partido nas mãos e com uma vida inteira para me refazer da desilusão.
não há nada que me faça acreditar que isto tem volta atrás.
passei a ser só uma memória e que, daqui a pouco tempo, eu vou ser das que só ficam as coisas más e negativas e que lhe dão ainda mais razões para não procurar ou tentar.
no fundo, não quero saber mais do que lhe diz respeito. ainda não cheguei ao ponto da indiferença, muito pelo contrário. cheguei ao ponto de me pôr acima dos meus planos e sonhos com ele. em que, quer seja certo ou não, eu vou fazer o que sinto ser melhor para mim. se me dói, eu afasto. se sabe bem, eu aproximo.
não posso estar constantemente a privar-me dos prazeres da vida só porque alguém, na sua cobardia, me fez sentir que não valho a pena lutar.
as pessoas têm objectivos e formas diferentes de viver as coisas. ok, pronto, tornámo-nos demasiado diferentes e eu não posso culpar-me constantemente dessa diferença. já chega.
o peso não é para estar sobre ninguém e eu também não mereço suportá-lo sozinha.
nem é ele nem sou eu, somos os dois. ou não é nenhum.
vai chegar a um ponto que tenho que engolir em seco e perceber que decidiu só ignorar e seguir em frente.
e que eu vou fazer o mesmo.

29/04/14

outro dia

(às vezes) a solidão traz ignorância e somente quando há um confronto com a realidade é que se percebe o que, efectivamente, existe.
quando se fala sozinho e se vive na nossa cabeça acaba-se por tirar conclusões de coisas que podem não estar perto do que acontece e é; pode, claro, acontecer que se cheguem a conclusões úteis para a nossa vida, uma vez que se abstrai do mundo cheio de distrações.
talvez não consiga desligar o suficiente para ter essa abstração, mas sei que, com o tempo, tenho confundido isolamento com introspeção.
talvez precise redefinir alguns conceitos; focos, principalmente.
sinto uma explosão de coisas dentro de mim e não sei o que fazer com isso - um misto de energia de mudança e uma confusão de não saber o que fazer com isso ou como a usar.
às vezes não consigo distinguir um coração partido de uma frustração maior. ou se são ambos.
mas acho que dormir ajuda. sim, é isso.
amanhã é outro dia.

18/04/14

coração novo

quero começar coisas novas.
por favor, coração, deixa-me.
não te quero nem consigo trocar por um novo, por isso, por favor, deixa-me renovar-te.
deixa-me limpar-te e dar-te paz.
não sejas teimoso.
deixa-me tirar de ti o entulho emocional que acumulas há anos.
eu quero - e preciso! - começar algo novo.
está quase, é certo, mas deixa-me renovar-te antes de me voltar a ir embora.
preciso de ti forte e saudável.
preciso de ti comigo, não contra mim.
não me deixes sozinha com a minha cabeça. tu sabes que ela é má comigo, às vezes.
não me deixes comigo mesma. tu sabes que eu não me deixo em paz, às vezes.
quero começar de novo.
(com ele?)

planos de bicicleta

tenho planos - pequenos, mas meus.
tenho que os pôr em prática, em vez de meter as mãos na boca na luta de Rói-não-rói.
tenho lutado contra muita coisa ao mesmo tempo e, no fim, o que mais importa é que lutei contra mim própria em vez de lutar por mim.
olho para trás e claro que me arrependo do tempo que perdi nos meus medos, indecisões e esperas. sei que foram dias mal passados, cheios de drama, confusões e más decisões. para quê? para, no fim, estar a escrever isto com o coração semi-apertado por ter desistido de mim enquanto procurava e esperava outra pessoa.
há coisas que são minhas e gosto de as manter comigo, mas às vezes sinto que há coisas que só consigo ser eu ao lado de outra pessoa; pela partilha, por ter alguém que veja quem sou - eu já sou eu o tempo todo, eu já sei e conheço o meu riso e o meu choro, mas gosto sempre de o fazer ao lado de alguém que o valoriza e, até, acha bonito.
que percebe que tenho mais de forte do que fraca, mas que as minhas fraquezas são minhas; a minha ansiedade é desgastante, mas não sei ser de outra forma - é por isso que precisava da calma, da ca(l)ma dele.
mas agora tenho planos e não quero fugir deles; tenho que os manter coerentes, (para) me manter firme.
não posso desistir ou desabar agora.
preciso de mim. não me posso falhar.
(precisei dele, mas ele falhou-me. e agora, o que faço?)

tenho que desligar de um lado para me ligar a outros.
preciso de me soltar e viver a minha vida com calma, com a minha forma de estar. preciso de fechar portas que estão empenadas no meu coração; preciso de abrir janelas e cortinas para deixar o sol entrar - estou há muito tempo no escuro e não quero que haja ninguém que me acorde à bruta.
preciso de me ver livre destas coisas da minha cabeça.
estou confusa, desnorteada.
não tenho medo de ir embora - começo-me a habituar às despedidas.
tenho receio do desconhecido, sim, claro, mas estou tranquila do meu esforço.
só preciso de me focar.
falta pouco para uma nova aventura começar e eu preciso de estar pronta.
ou menos medrosa do que estou.
definitivamente com menos fantasmas. não os quero levar comigo, mesmo que eles vão de qualquer jeito.
sou eu e os meus fantasmas nunca me deixam; nem quando aparece alguém novo, eles só se passam a dar melhor com os demónios do outro.
agora não só se zangaram, como me culpam por isso. não me fazem aceitar que a vida é isto. é assim. não me deixam viver em paz com a falta, o (des)amor, com a (des)ilusão.

mas preciso de fazer planos.
é isso que me mantém em pé, firme, equilibrada.
e cada um pedala a sua bicicleta.

14/04/14

vida ao limite em passos de bébé

preciso de um reset mental e emocional.
não me apetece falar e, no entanto, tenho um coração cheio de coisas para explodir, falar e me ver livre.
dói ver o avanço, a indiferença, a vida ao limite e tudo em mim parado.
passos de bébé.
mas chego lá.
espero.

31/03/14

altos e baixos

gostava que os únicos altos e baixos que tivesse fossem só relacionados com sapatos.
estes são só estranhos, ainda que consiga ver neles o potencial e a beleza de uma mudança e crescimento.
há que ter o tempo de dor e luto, bem sei, mas há que saber também aproveitar e sorrir quando é um bom dia.
quando há quem nos faça sentir úteis, valorizados, importantes. que há quem espere por nós, pare o seu mundo por nós, nem que por poucos minutos. é bom saber que estão lá. aqui.
às vezes gostava - não sempre, porque gosto do meu lado negro - de ser uma pessoa que não se perde em pensamentos sobre o depois, os medos, as frustrações e o que fazer com os fantasmas de tudo; às vezes meus e de outras pessoas.
eu acredito que melhor virá (muitas vezes dependendo mais de nós do que outra coisa), que é tudo uma experiência e é isto que se leva da vida; que é importante não nos deixarmos derrotar pelos derrotistas, mas acima de tudo, não sermos derrotistas nem de ninguém, muito menos, deixar-nos derrotar por nós próprios. o importante é, mais do que nos encontrarmos, não nos perdermos por meio das lutas e demónios interiores. sei disto desde nova, mas nem sempre aquilo que se pensa é aquilo que se pratica e, no fim, o que importa é o que se faz e deixa feito. é isso que nos define.
é por isso que tenho vindo a pensar que, no meio de tudo, não quero ser feita disto - desta tristeza de coração partido, da desilusão que as pessoas nos deixam, mais do que quando nos deixam porque a sua vida não bate certo com a nossa. ou porque o nosso coração já não se agarra um ao outro.
é triste o amor acabar, se desgastar, ou até virar ódio. é triste que se magoe e saia magoado depois de um período de entrega. é triste que o coração saia derrotado. é triste que haja outra pessoa para alguém que nos foi tudo e que essa pessoa lhe seja tudo aquilo que até podemos ter sido, mas que os olhos mudam com o tempo.
não quero ser feita disto por muito mais tempo. sei que faz parte, que até demora, que é importante. mas o importante é diferente do essencial e eu não quero alimentar-me disto.
sei que sou mais e melhor e sei que, eventualmente, serei capaz de viver somente disso e para isso de novo. sei que não vai importar se há quem o reconheça ou não, desde que já não seja importante ter a aprovação da pessoa por quem trocávamos o mundo inteiro.
sou exagerada, apaixonada por pouco mas com muito de mim, sou romântica com a minha dose de medo, pessimismo e até desconfiança. sei que sou mais do que fui e sei que serei mais do que sou agora. sei que são clichés, mas há clichés que são verdade.
sei que estou fraca de coração, mas não perdi a força mental.
há dias que são isso mesmo, bebidas energéticas para a mente, mesmo que o coração aproveite de sorriso tímido.
faço o esforço de me abstrair de certas ideias, planos e memórias. faço esforço para não tirar conclusões de espaços vazios, porque a realidade é o que importa e essa ficou cheia de nadas, cobardias e desistências. não quero agarrar-me a imaginações e, mais uma vez, esperar que, depois de tudo, ainda seja desta que tudo se recomponha. eu ainda penso na saudade, nas palavras, nas cartas e nas fotografias. ainda penso em todas as coisas que prefiro nem descrever para não acordar o meu cérebro. ainda penso em muita coisa, sim, mas se a força de fora me obrigou a guardar isto cá dentro sozinha, só posso esperar que isto saia do organismo aos poucos.
perco-me no que penso, mas é nisso que me vou encontrando.
fechei mais uma pequena janela ao dar um passo em frente e materializar as minhas forças e decisões.
fico orgulhosa de mim e isso deixa-me livre.
(queria estar presa no coração dele.)





29/03/14

com o tempo

pensava que,
com o tempo, tudo era suposto ficar melhor.
mais leve, mais esclarecido, mais tranquilo e decidido.
com o tempo, não ficava mais fácil, mas ficava menos difícil.
que as dores saravam, os pesos diminuíam, as dúvidas desapareciam, as insónias acabavam.
com o tempo,
as ansiedades tornavam-se forças, os medos seriam alvos a abater e a impaciência virava objectivos a cumprir com mais certeza.
que a fúria, a raiva e a desilusão seriam, com o tempo, aceites e provas de que as pessoas nos magoam e que devemos aceitar que, aquilo que um dia é a razão da nossa felicidade, no outro vira pó.
passou quase um mês e um mês parece uma vida.
há tempo para tudo e todos menos para aquilo que, um dia, foi nosso. agora parece ser só meu. 
sem conversa, sem ser óbvio (não é óbvio!, não pode ser!), muito menos maduro e responsável. mas assim?
com o tempo a andar e sem trazer respostas, certezas ou forças. 
não é como se eu parasse ou estivesse parada à espera que elas caiam em cima de mim, mas, com o tempo, não era suposto que, com o pensamento, vivências, experiências e distracções, ou até mesmo com medos e ansiedades!, já houvesse uma resposta e uma justificação melhores do que só meia dúzia de frases feitas? que não merece, que sou melhor do que isto, que fiz o melhor e isso devia chegar, já eu sei e está o coração cheio.
mas, como o tempo, até a dor e a desilusão deviam ter resultados mais rápidos e eficazes do que isto. 
não estou igual, não sou a mesma, não dói como quando foi novidade nem desilude como já aconteceu antes, mas então, porque é que, com o tempo, não ficou melhor? mais forte e decidido?
se, com o tempo, nada disto resulta nem funciona, dá para experimentar sem ele?

25/03/14

não é que, mas

não consigo perceber a lógica, a razão.
a crueldade, frieza e egoísmo.
não consigo perceber se é demasiado óbvio ou se isto tudo ainda serve para reparar algo já muito desgastado.
seja qual for a razão continuo a achar que merecia (mereço) uma resposta. uma explicação. o mínimo de respeito.
pode até já nem haver nada. pode até ser demasiado óbvio que acabou, mas não devia ser também óbvio que as pessoas que um dia nos foram tudo mereciam saber que já não são nada?
quão mais se pode ser egoísta e egocêntrico para se achar que só as nossas razões são importantes? que os outros - que, supostamente, eram os mais importantes! - que apanhem com as consequências daquilo que (não) fazemos, das nossas palavras ou dos nossos silêncios.
não é justo.
é uma profunda desilusão que não sei se aumenta diariamente ou se cada vez mais se dissolve na aceitação de que há, efectivamente, pessoas que não nos merecem.
gosto de ter momentos sozinha, mas não gosto de pensar e falar sozinha - quando falamos sozinhos temos sempre razão, alguém me disse.
dói que chegue ao fim, custa aceitar que algo morreu nas nossas mãos, mas até na morte merecemos um fim com dignidade.
não me custa pensar só em mim ou meter os meus planos como prioridade. não me custa viver sozinha - às vezes esquece-se que me conheceu feliz na minha solidão -, não tenho problemas em lidar com o silêncio do meu caos, dos meus sonhos, dos meus medos. não sei sempre gerir-me, mas sei amar-me na minha ansiedade. não seria a mesma sem isso.
no entanto, há uma diferença entre um fim conversado como dois adultos que partilharam a vida, o sexo e o copo de água às refeições, e o fim em que um ignora a outra pessoa e ela que se habitue à ideia à força, sem um ponto final maduro.
é duro, mas eu aprendo a superar.
mói, mas não me vai destruir.
magoa, mas eu faço o esforço mental.
mas. há sempre mas.
não consigo acreditar.
se calhar enquanto assim for não consigo andar para a frente como devia ou era suposto.
não é que espere que algo mude. não é que eu ache que tudo iria ser (de novo) diferente. não é que tenha esperanças que. não é que tenha ilusões. é somente (e é demasiado) que, depois de tudo, sejam dias e semanas sem algo que, mais do que achava merecido, se trata de respeito, que sempre achei que era o que mais havia.

24/03/14

loop da alma

se calhar preciso de levar as coisas mais a sério nuns pontos e relaxar noutros.
levar a sério o tempo e a sua escassez. a velocidade da vida e a correria das coisas que quero fazer.
de tanto ter vontade de fazer/ver/sentir/aprender tudo perco-me nos desejos de o efectivamente fazer.
ser objectiva, ter objectivos.
sentir-me eu.
ser eu.
provar-me - que estou certa, que estou errada, que posso mais.
lidar com o dia-a-dia.
soltar-me.
distrair-me.
ter calma.
paciência.
persistência.
ser objectiva no objectivo - repetição, repetição, repetição.
livrar-me das obsessões - ser livre. de mim, principalmente.
afastar-me e aproximar-me - saber o que importa, o que é importante, o que ME importa e faz bem.
preencher-me enquanto me esvazio.
aprender a fazer.
continuar a fazer o que sei.
explorar.
introspecção para saber exteriorizar.
não ter medo. arriscar. tentar. (provar-me)
dar tempo. dar-me tempo sem o perder.
aceitar sem acomodar.
lutar sem me esvaziar de forças.
fortalecer a alma e o coração.
exercitar os músculos da mente - paciência, paciência, paciência.
aprender (a aceitar) que o desamor não pode levar o amor que tenho e quero dar.
aceitar que se não dá hoje, amanhã será outro dia.
mas tentar hoje. hoje, hoje, hoje.
não ter medo.
ser objectiva, racional, coerente.
paciência, paciência, paciência (no) tempo, tempo, tempo.

19/03/14

paz, precisa-se

preciso de organização.
novidade.
novos sentidos, perspectivas, valores e razões.
algo natural, simples na estrutura e complexo no conteúdo - não sei (ser) de outra forma.
saber dizer adeus e pôr um fim é o principal para (re)começar.
quero ser capaz. quero muito. consigo (?).
como me dizer de outras formas que preciso (saber) desligar e deixar um dia de cada vez passar? abstrair e distrair. limpar e excluir, mas também renovar e adicionar. não me posso estar constantemente a subtrair, senão fico com e a ser nada.
não consigo viver o dia-a-dia a aceitar que as horas voam e me ultrapassam. que o tempo me supera e me é tão superior que o medo de o perder é maior do que o de aproveitar.
como posso lidar e (di)gerir isso?
preciso de estrutura, espinha que me mantém firme. falta-me algo e não sei ao certo o quê. sei, mas não posso depender mais de mudanças exteriores. se algo fora não muda, o melhor é eu mudar a atitude e a forma como me trato, preservo e organizo.
(certo?)

16/03/14

carne mal passada

eu queria escrever tudo o que me vai na cabeça, mas seria preciso tempo, coração aberto e paciência.
gostava de poder arrancar o coração, escolher as partes feias e que doem, atirar para o lixo e voltar a metê-lo no sítio.
gostava de não ser tão ansiosa quanto a quase tudo na vida. penso demasiado.
conheço-o melhor do que pensa. mais do que, se calhar, gostava. menos do que devia, depois de tanto tempo.
gostava de lhe poder dizer que sou como ele em muitas coisas que passou a achar que sou o oposto.
gostava de lhe poder e conseguir dizer que percebo mais do que acha - que pode falar comigo abertamente como fala com outras pessoas que nunca viu.
tenho feelings e sei que são poucos os que falham.
não queria vir a saber ou a ver de que algo que temo agora - e é tratado como um exagero! - se venha a revelar como o início de um futuro se calhar não assim tão distante.
eu não chego lá. não porque não queira ou não ache que consiga, mas porque não quer.
desistiu.
aos seus olhos mudei para o oposto, quando, no fundo, não só não mudei o principal, como (acho que) melhorei com o passar do tempo.
demasiadas pontas soltas. demasiadas dúvidas. demasiados momentos negros sem comunicação ou até maturidade.
eventualmente aceito que É a vida. que são precisos estes erros para, mais tarde, vir a ser melhor.
que não vou (de novo) virar coração de pedra e com um gosto pela solidão. prefiro pensar que não me vou deixar abater nem derrubar por isto de novo. que tudo passa. que tudo se renova, de uma forma ou de outra.
não quero sucumbir aos meus cacos e às minhas feridas - sinto que são tantas que não sei por onde começar a limpar.
sei que tenho beleza e valor. sei que tenho amor, vontade, imaginação e persistência para algo novo, capaz e saudável. sei que teve o seu tempo, a sua forma, intensidade e duração, mas que, mais tarde, será só experiência. não consigo sentir nem pensar em nada disto de forma leve, mas sei que corações partidos toda a gente supera. não quero tornar-me numa pessoa pesada, perdida no peso que se põe em cima e com medo de voltar a amar e confiar.
sei que tudo o que sinto é demasiado grande para caber aqui e em palavras e, por isso, isto tudo é só um escape momentâneo - aquilo que os dedos conseguem apanhar dos meus pensamentos a mil à hora.
talvez a melhor forma de superar é aceitar e não lutar contra. já dei alguns passos, não posso desistir nem parar. já voltei atrás, já voltei a acreditar, já quis tentar de novo, já me perdi de novo no que pensava ser como certo.
vai haver - se é que já não há - quem ache que também eu sou um ser humano bonito. que tenho a minha beleza e que ela é especial. que tenho mais valor do que acredito. que sou mais forte do que penso. que sou melhor do que acho, por querer sempre mais e melhor. vai haver quem me ponha os pés na terra - sou uma sonhadora com muita imaginação - e que sonhe comigo, que seja louco comigo. que pare de vez em quando o seu mundo para Ser comigo.
sei que vai haver alguém de novo que me faça acreditar e sonhar a dois, fazer planos a duplicar, amar a dois. como devia ser. como ainda quero, mas não posso. como ainda não desisti, mas tenho que. (tudo é uma questão de persistência, certo? o coração é um músculo, precisa de exercício como os outros.)
sei que escrevo isto tudo como forma de me acalmar, de me obrigar a ser racional e a aceitar que a vida são ciclos e que há momentos que é preciso quebrar uns para deixar começar outros.
sei que sou péssima a aceitar fins, seja de que tipo forem. fico ansiosa pelo fim para saber como é, mas tenho que deixar o meu lado racional ganhar. tudo demora o seu tempo, tudo dói na forma que tem que doer, tudo se parte na forma que tem de ser e tudo se renova na forma que mais trabalhamos para renovar. com persistência, paciência, amor-próprio e tempo.
não posso querer ir à frente do tempo. não posso mastigar mais do que trinco. tenho que aprender a lidar com o outro lado que diz que não sei viver sem fogo, sem ansiedade, sem o constante desafio de me desafiar.
por uns tempos pensei que fosse falta de amor-próprio, que eu não era suficiente, que o meu amor não chegava, não era interessante ou motivador. que era mais confuso do que esclarecedor. que a minha ansiedade derrubava mais do que construía. sei que isto tudo aconteceu na sua dose, mas também sei que foi em menor dose do que acreditei até agora. agora sei que posso tirar muito peso de cima de mim - tentei tudo, amei tudo (demais), desculpei, aceitei e esqueci da melhor forma. que não havia nada que pudesse ter feito de outra forma, mesmo que hoje veja que podia ter sido melhor. mas que hoje sou melhor e que sei que, mesmo com erro, não consigo mais.
já toquei o doentio, já procurei o que sabia que, ao encontrar, não ia gostar. já quis saber o que não tinha explicação nem desculpa. já pedi explicações de coisas que só a falta de carácter explica. e depois disso fix promessas a mim mesma. mordi a língua quando me voltei a apaixonar e prometeram-me que isso não ia mudar, que o objectivo era fazer-me feliz. já quebrei demasiadas promessas a mim mesma. já desculpei o que antes achei inadmissível; já pus de lado o que antes tinha como prioridade.
dói. e dói pra caralho. dói tanto que nem consigo chorar. e se chorar é porque o cansaço me ganhou a todos os níveis. não queria ver a minha vida sem ele, mas começo-me a sentir obrigada a admitir que cada vez mais me apercebo que não faz assim tanta diferença. talvez seja só o choque da desilusão. talvez seja só a ressaca de algo que sei que é tóxico. talvez seja a dor de um coração partido, por alguém que me fez acreditar que éramos feitos um para o outro. mas não somos. somos feitos de carne e a carne é fraca. a carne erra e a carne apodrece.
sinto-me tão confusa que consigo arranjar motivos para desistir e outros tantos para não deixar de lutar. não quero depender mais de nenhuma decisão que não seja minha.
custa, mas eu obrigo-me. custa, mas eu aceito. custa, mas eu ando em frente. sou mais persistente e forte do que faço crer, até mesmo a mim própria.
eu ainda tenho muito por (me) descobrir. ainda tenho muito que vou deixar de ser para ser algo novo. espero tornar-me melhor, principalmente comigo. espero tornar-me mais racional, sensata e leve com o que sou. espero cuidar-me melhor, afinal de contas tenho que deixar de parar o meu mundo para ser o mais flexível que dá para um bem a dois. já não tenho que fazer isso nem ser assim. eu aprendo a lidar com a dor, até com algum rancor. não sou hipócrita de desejar o melhor e aceitar de ânimo leve. mas acredito que aprendo, de novo, a deixar passar. eu devia relembrar-me que já passei pior, mesmo que pareça que o pior ainda não passou por parecer sempre tão recente.
devia relembrar-me melhor de mim. de olhar à minha volta e absorver naturalmente a vida das vidas que me acompanham da forma que podem.
já pensei que, por ser ansiosa, deixava passar tudo ao lado. já achei que, por ser assim, não vivia as coisas no presente. neste momento sinto que, por viver e sentir tanto, é que me sinto ansiosa. e isso tem momentos que não é assim tão mau quanto pode parecer. é desse caos que nasce o meu tipo de ordem. o que tenho a trabalhar é aceitar que preciso de não me deixar absorver pelo medo de não ser capaz, de não conseguir. com tanto medo de perder alguma coisa e às vezes congelo e não consigo abstrair-me disso. isso sim, é o problema. mas com calma, certo? um dia de cada vez.
o cansaço fala, é preciso descansar a cabeça, as pernas e o coração. a dor não vai embora tão cedo, mas ao menos que a cabeça fique mais fresca para lidar melhor com isso.
(tenho saudades.)

10/01/14

cheers

« às noites, aos copos, à química, aos corpos, à música, ao rock 'n' roll, aos toques, aos olhares, aos beijos, à cumplicidade, aos becos sem saída, ao terror, ao escuro da noite, a nós..»

paz na guerra

há momentos que as palavras são a minha forma de expressão. outras vezes parece que nem a melhor delas me ajuda.
não me apetece chorar, não estou nervosa ansiosa ou revoltada, mas sinto que há um misto de dor apática com frustração reprimida.
afastei-me das coisas e pessoas que pude, por me diminuírem, fosse em que sentido fosse.  quis-me aproximar de quem ainda não sei ao certo em que estado de sentimento e conforto tem comigo e vice-versa.
incomodam-me a incógnita, a incerteza, a dúvida e a insegurança. acalmavam-me as palavras de antes e já não se se perderam, se foram mentira, se estão apenas tímidas e contidas.
claramente que não me sinto A prioridade. não sei se é injusto, se é um facto.
sei que tenho que seguir o que sinto e ser honesta comigo. sei que me incomoda e, por isso, tenho que me fazer entender onde dói, mas a verdade é que às vezes parece tão óbvio que custa até procurar palavras e expressões para chegar lá, num sítio mais profundo do que a mim me soa.
conheço-o melhor do que pensa, conhece-me pior do que devia.
há coisas que não estou disposta a repetir ou até mesmo conhecer. há limites e estou cansada de me levar ao extremo para encontrar o equilíbrio.
eu sei que paz não é necessariamente o contrário de guerra, mas é do que preciso.
algo não necessariamente tranquilo, muito menos monótono, mas com certeza não caótico, instável e problemático, stressante, duvidoso e constantemente no precipício. constantemente a dançar na ponta de uma faca e a meter água em saco de pano.
há questões básicas que me questiono no meio disto. o que é realmente o amor entre duas pessoas. o que as faz estar juntas depois de um monte de distância e silêncios. o que as faz sarar depois de uma grande facada. já não entro em pânico, mas isso preocupa-me. sinto uma espécie de choro mental do qual não me consigo ver livre. não sei se é suposto ver-me livre dele atrás do choro ou se isso passaria simplesmente com a calma que o amor devia trazer.