25/03/14

não é que, mas

não consigo perceber a lógica, a razão.
a crueldade, frieza e egoísmo.
não consigo perceber se é demasiado óbvio ou se isto tudo ainda serve para reparar algo já muito desgastado.
seja qual for a razão continuo a achar que merecia (mereço) uma resposta. uma explicação. o mínimo de respeito.
pode até já nem haver nada. pode até ser demasiado óbvio que acabou, mas não devia ser também óbvio que as pessoas que um dia nos foram tudo mereciam saber que já não são nada?
quão mais se pode ser egoísta e egocêntrico para se achar que só as nossas razões são importantes? que os outros - que, supostamente, eram os mais importantes! - que apanhem com as consequências daquilo que (não) fazemos, das nossas palavras ou dos nossos silêncios.
não é justo.
é uma profunda desilusão que não sei se aumenta diariamente ou se cada vez mais se dissolve na aceitação de que há, efectivamente, pessoas que não nos merecem.
gosto de ter momentos sozinha, mas não gosto de pensar e falar sozinha - quando falamos sozinhos temos sempre razão, alguém me disse.
dói que chegue ao fim, custa aceitar que algo morreu nas nossas mãos, mas até na morte merecemos um fim com dignidade.
não me custa pensar só em mim ou meter os meus planos como prioridade. não me custa viver sozinha - às vezes esquece-se que me conheceu feliz na minha solidão -, não tenho problemas em lidar com o silêncio do meu caos, dos meus sonhos, dos meus medos. não sei sempre gerir-me, mas sei amar-me na minha ansiedade. não seria a mesma sem isso.
no entanto, há uma diferença entre um fim conversado como dois adultos que partilharam a vida, o sexo e o copo de água às refeições, e o fim em que um ignora a outra pessoa e ela que se habitue à ideia à força, sem um ponto final maduro.
é duro, mas eu aprendo a superar.
mói, mas não me vai destruir.
magoa, mas eu faço o esforço mental.
mas. há sempre mas.
não consigo acreditar.
se calhar enquanto assim for não consigo andar para a frente como devia ou era suposto.
não é que espere que algo mude. não é que eu ache que tudo iria ser (de novo) diferente. não é que tenha esperanças que. não é que tenha ilusões. é somente (e é demasiado) que, depois de tudo, sejam dias e semanas sem algo que, mais do que achava merecido, se trata de respeito, que sempre achei que era o que mais havia.

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