13/05/14

não és tu, é o outro

nunca quis que este momento chegasse - por isso o adiei e neguei tantas vezes.
mas, no fundo, tento pensar que é pelo melhor, para não estar pelos cantos a bater com a cabeça nas paredes.
não é o que quis, mas foi o que teve de ser.
não sei lidar com nada disto, mas hei-de aprender e sobreviver pelo caminho. até ao dia em que acordo e aceito que a vida e as pessoas são assim.
não sou - ou não acho, neste momento - uma pessoa optimista, mas se pensar bem até acho que sou bastante sonhadora. puxei-me (e ainda tenho dias que o faço) muitas vezes para baixo e tive ainda mais momentos em que me recusei a sair, por achar que só assim lhe fazia perceber que me magoava e algo não estava bem.
cheguei a um ponto em que sinto que não consigo continuar mais à espera, mas que bastava a mínima demonstração de vontade e eu voltava tudo atrás.
ainda não estou certa de que tomei a melhor decisão - e, em pouco espaço de tempo, já tive momentos em que me arrependi! -, mas sei que vai chegar o momento em que vou ver isto tudo de forma tranquila.
talvez seja melhor assim, ao não ver. ao não ter sequer oportunidade de procurar. afastar-me ao máximo do que já tenho a certeza de que me magoa.
podia ter feito certas coisas de outra forma, sim, mas vou tendo a certeza de que só me ia fazer demorar mais tempo a aceitar os fins das coisas.
tenho que me manter firme e coerente - não posso sentir-me enganada e magoada e continuar a procurar coisas para me dar esperanças. acabei sempre (!) por ficar ainda mais desiludida e em baixo.
e eu sei que é melhor do que eu no que toca a resolver o passado e a esquecer as coisas e as pessoas. não digo que me substitua, mas sei que é bem mais rápido a fazê-lo de outras formas.
não posso continuar a ser ingénua e achar que ainda sou importante ou necessária - já tive provas suficientes de que a minha importância só tem valido em versão palavras, não acções.
não tem que me provar nada. eu é que tenho que provar a mim - que consigo viver isto tudo sozinha ou, pelo menos, sem ele.
sei que supera muito mais facilmente do que eu. sei que tem mais foco do que eu e consegue ser muito mais objectivo.
sei que já tem planos e em que em nenhum deles eu faço parte. por isso, para quê parar para pensar nisso?
para quê continuar a ver e procurar se o que vejo só me puxa para baixo? só me serve de prova de que está melhor sem mim do que comigo? que tem coisas e pessoas mais importantes com que passar o tempo do que eu?
se fui a última a saber das suas decisões e que, além disso, ainda tive que ser eu a tomar algumas pela ausência da sua decisão.
não fico no limbo mais nenhuma vez. a experiência só me provou que acabo por ficar sozinha, de coração partido nas mãos e com uma vida inteira para me refazer da desilusão.
não há nada que me faça acreditar que isto tem volta atrás.
passei a ser só uma memória e que, daqui a pouco tempo, eu vou ser das que só ficam as coisas más e negativas e que lhe dão ainda mais razões para não procurar ou tentar.
no fundo, não quero saber mais do que lhe diz respeito. ainda não cheguei ao ponto da indiferença, muito pelo contrário. cheguei ao ponto de me pôr acima dos meus planos e sonhos com ele. em que, quer seja certo ou não, eu vou fazer o que sinto ser melhor para mim. se me dói, eu afasto. se sabe bem, eu aproximo.
não posso estar constantemente a privar-me dos prazeres da vida só porque alguém, na sua cobardia, me fez sentir que não valho a pena lutar.
as pessoas têm objectivos e formas diferentes de viver as coisas. ok, pronto, tornámo-nos demasiado diferentes e eu não posso culpar-me constantemente dessa diferença. já chega.
o peso não é para estar sobre ninguém e eu também não mereço suportá-lo sozinha.
nem é ele nem sou eu, somos os dois. ou não é nenhum.
vai chegar a um ponto que tenho que engolir em seco e perceber que decidiu só ignorar e seguir em frente.
e que eu vou fazer o mesmo.